Dói

Fui derrotada num jogo que não sabia ter conhecimento.
Foi injusto.
Não conheci as regras pelas quais te regias.
Estava às cegas
Desprovida de qualquer protecção.
Por isso é que me apaixonei.
Posso estar a ser injusta.
Talvez também tu não soubesses de nada.
Hoje bem que pareces alheio...
Alheio à dor que me esmaga conforme os dias vão passando.
Que me tira o ar.
Acredita...
Apesar de ser uma dor inacreditável.
Também a sentes?
Espero que não.
Não creio que sobrevivesses.
É isso. É isso que espero conforme vais passando. Que não te quebres da maneira como eu me tenho estado a quebrar.
Olhas-me como se me tivesses conhecido.
Eu ainda te conheço.
Se calhar é por isso que dói ainda mais.
Não saberás mesmo?
Às vezes não consigo dormir à noite. Fico perdida. Sem saber o que é das memórias que nos uniram. A chorar por elas por já não nos unirem.
A falta que me fazes.
Imagino-te aqui ao meu lado por vezes. Naquele ar do costume. Descontraído na tua pele. Como os grandes sabem estar.
Espero que não tenhas perdido o teu sorriso fácil. Bem sei que a dor consome o meu a uma velocidade incrível.
Tenho umas saudades intensas de ouvir a tua voz.
Lembras-te de como me costumavas acordar pela madrugada com um telefonema?
Quando me cantavas com a tua guitarra.
As lágrimas percorrem o meu rosto.
As minhas faces já são demasiado familiarizadas com elas. Por vezes irrompem-me as noites de sono. As raras. Apenas para que o pesadelo que as originou me engula em todo o seu esplendor.
Às vezes vivo aterrorizada.
Lembro-me de como os teus braços me costumavam aconchegar. Como costumavam proteger de todos os males.
Das minhas tristezas.
Às vezes ainda sinto o calor deles em meu redor. Como se fizessem parte de mim.
E dói.
Dói quando me apercebo de novo que já não estás ao meu lado.
E raras são as vezes que me esqueço.
Mas a dor de cada vez é mais intensa.
E a ti magoa-te? Dói-te?
Espero que não.