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A mostrar mensagens de janeiro, 2018

Aquela noite

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São três da manhã. Sento-me na beira da cama, com o luar nas minhas costas e o meu coração afastado de ti. Sinto o tecido do lençol a escorregar de em redor das minhas ancas. Passo a mão pelo cabelo, despenteando-me, e a minha pele arrepia-se involuntariamente. Olho para ti. Adormecido, como só os sonhos te sabem embalar. Tens o cabelo caído sobre os olhos, e as minhas mãos tremem quando me impeço de te tocar. Tenho medo que te desvaneças se me mexer demasiado depressa. Porque se este for um sonho, raios me partam se alguma vez quererei acordar. Não estava à espera que voltasses. Depois de termos gritado até os nossos corações sangrarem, e as nossas almas se esconderem num recanto perdido de nós, saíste da nossa casa com a porta a bater atrás de ti, qual presságio que tu, a pessoa que mais importa para mim, estava prestes a sair da minha vida. Senti-me a estilhaçar quando te vi desaparecer. Não é que não possa viver sem ti. Sei o suficiente da minha pessoa, para saber que, eventua

Sedução

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Sei que aqui estás, ainda antes de te ver. A tensão preenche o ar. Tem o seu próprio cheiro, o seu próprio som. És a pura calma antes da tempestade, o misto de energia à beira de vir à superfície. Sinto a minha pele arrepiada. Tento concentrar-me o mais que consigo na conversa que me vejo envolvida. Mas as palavras parecem embater em mim e perdem o significado. É ridículo, a quantidade de vezes que tenho de impedir de me voltar para trás, na tua direcção. Quero ver-te, apesar de não dever. Quero correr para os teus braços ainda que isto me leve de volta atrás no tempo. Sinto as minhas faces escarlate. Merda... Porque é que a maneira que o meu corpo tem para responder ao teu é no sentido de me humilhar o mais possível? Remexo-me, uma e outra vez, como se não estivesse bem já de inicio. Sinto-me tremente, uma pequena labareda deixada ao descuido da Natureza, sem mão que lhe pegue. O silêncio acrescenta-se subitamente. A minha respiração entrecorta-se, e sinto os olhares de quem e

Devia ter corrido atrás de ti

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Sonho contigo todas as noites, sonhos tão claros e reais, que as manhãs se tornaram imperdoáveis, escusadas, frias e despropositadas. Quem é que quer ter de lidar com a realidade, quando os sonhos se tornaram um manto de conforto, um refúgio para tudo o de maravilhoso que cheguei a ter? Estragaste-me desse modo, se é para saberes. A minha realidade passou para uma triste desculpa de preto e branco. É discutível a beleza de tal cenário, mas só sei que só obrigada a viver nele, seguir em frente por caminhos que nunca tive verdadeiro interesse em seguir. As palavras que gritámos um contra o outro ainda me marcam. Sei que nada realmente conta quando dito com a adrenalina a perfurar-nos, mas a saudade leva-me a rever cada último instante que passámos realmente juntos. Chorei dias seguidos até adormecer, depois de teres batido com a porta por trás de ti. Amaldiçoei-te vezes sem conta, jurei que nunca mais iria pronunciar o teu nome pelos meus lábios, pela graça de tudo aquilo que ainda c

Dizem que...

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Agora que terminou, perguntam-me se me arrependo de ti. E eu pergunto-lhes... Se porventura me deveria arrepender do grande amor da minha vida. Aos olhos deles fomos loucos. Ninguém escreveria uma história onde tivéssemos um final feliz. Mas que importa, quando apesar de tudo, sei que a nossa verdade foi inteira, e no final de um mau dia podíamos esconder-nos nos braços um do outro. Foste a pessoa que mais me fez sentir viva. Fomos certos um para o outro, onde os nossos traços terminavam, as palavras davam-lhes mote. Mas acho que mordemos mais do que aquilo que conseguíamos mastigar. Não me interpretes mal. Amámos-nos mais do que às nossas próprias vidas, desmedidos de intensidade e porquês. Mas quando nos detestávamos, também nos detestávamos com igual intensidade. As palavras eram dolorosas e pedaços de nós eram perdidos de cada vez que nos enfrentávamos. Quem vê de fora, poderia dizer-nos que fomos perdidamente loucos, por termos estado um ao lado do outro, como se as pessoas

Deixa-me ir

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Deixa-me ir. Sei que agora, esse pedido te parece demasiado. Tendo em conta que desapareci há tão pouco tempo. Que as tuas lágrimas por nós ainda não secaram, ou mesmo pelas vezes que gritas o meu nome quanto te magoa não me ter nos teus braços. Ainda são muitas as manhãs em que a primeira coisa que te preenche a mente sou eu. Fantasma do teu passado, que inequivocamente te prende a ele. Sei que, no entanto, é nas manhãs que encontras um maior alivio. Naquele centésimo de segundo, em que a memória permite-se falhar, e que não te recordas que já não estou do teu lado. Desculpa. Sei que não fui uma pessoa fácil. Ás vezes só queria o aperto dos teus braços em meu redor, a minha âncora num Mundo demasiado real para mim. Perder-me no sorriso do teu rosto, ou no toque dos teus lábios na minha testa. eras o meu farol, príncipe de imortais desígnios, tecedor dos seus sonhos em mim. Outras só queria solidão. Perder-me de mim, do Mundo em arredores. Perder-me da minha alma, pois essa sempre