Sedução

Sei que aqui estás, ainda antes de te ver.
A tensão preenche o ar. Tem o seu próprio cheiro, o seu próprio som. És a pura calma antes da tempestade, o misto de energia à beira de vir à superfície.
Sinto a minha pele arrepiada.
Tento concentrar-me o mais que consigo na conversa que me vejo envolvida. Mas as palavras parecem embater em mim e perdem o significado. É ridículo, a quantidade de vezes que tenho de impedir de me voltar para trás, na tua direcção.
Quero ver-te, apesar de não dever. Quero correr para os teus braços ainda que isto me leve de volta atrás no tempo.
Sinto as minhas faces escarlate.
Merda... Porque é que a maneira que o meu corpo tem para responder ao teu é no sentido de me humilhar o mais possível?
Remexo-me, uma e outra vez, como se não estivesse bem já de inicio. Sinto-me tremente, uma pequena labareda deixada ao descuido da Natureza, sem mão que lhe pegue.
O silêncio acrescenta-se subitamente. A minha respiração entrecorta-se, e sinto os olhares de quem está em meu redor para um ponto para além de mim.
Tento dispersar-me, tentar recuperar o meu raciocínio de alguma forma.
Sinto primeiro a tua mão na minha cintura. O meu pecado final, e deixas-me de pernas a tremer, como se fosse o primeiro dia do resto da minha vida. Dou por mim a fechas os olhos quando sinto os teus lábios perto do lóbulo da minha orelha, quando me pedes para me voltar de diante para ti. Sinto-me uma autêntica marioneta nos teus braços.
Quando vejo os teus olhos outra vez, sinto-me aquela adolescente perdida de amores por ti. O teus sorriso de escárnio dá-me a entender a noção que tens do poder que exerces sobre mim. Roças a pele do teu rosto, a barba por fazer de encontro ao meu, de propósito, e as borboletas do meu estômago agitam-se. Pedes-me que saiamos daqui, e quero com todas as forças que tenho em mim dizer-te que não, libertar-me do íman que me puxa desgovernada para ti.
Dizes que me amas. Dizes-me que sentes a minha falta.
E por vinte segundos de pura incoerência deixo-me levar na tua loucura.

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