Dizem que...

Agora que terminou, perguntam-me se me arrependo de ti.
E eu pergunto-lhes... Se porventura me deveria arrepender do grande amor da minha vida.
Aos olhos deles fomos loucos. Ninguém escreveria uma história onde tivéssemos um final feliz. Mas que importa, quando apesar de tudo, sei que a nossa verdade foi inteira, e no final de um mau dia podíamos esconder-nos nos braços um do outro.
Foste a pessoa que mais me fez sentir viva.
Fomos certos um para o outro, onde os nossos traços terminavam, as palavras davam-lhes mote.
Mas acho que mordemos mais do que aquilo que conseguíamos mastigar.
Não me interpretes mal. Amámos-nos mais do que às nossas próprias vidas, desmedidos de intensidade e porquês. Mas quando nos detestávamos, também nos detestávamos com igual intensidade. As palavras eram dolorosas e pedaços de nós eram perdidos de cada vez que nos enfrentávamos.
Quem vê de fora, poderia dizer-nos que fomos perdidamente loucos, por termos estado um ao lado do outro, como se as pessoas que amassem tivessem uma qualquer obrigação de serem sãs de espírito e de corpo.
Fomos sonhadores que se apaixonaram, um amor largo, que saltou para lá das linhas da nossa imaginação, pintando a folha de papel da nossa história com pinceladas trapalhonas.
Tiraste-me o ar, enquanto eu te tirei os medos.
Dizem que fomos maus um para o outro. Que a intensidade com que nos gostámos chegava a ser doentia, dolorosa, angustiante. É certo que tivemos os nossos maus momentos. Afinal, um diamante também não se forma sem estar sujeito às mais altas pressões.
Quem disse que o amor merece menos do que desordem e paixão?
Raio de música de Rock da pesada que nos tornámos.
Agora que terminou, sei ver o quanto sinto a tua falta.
Apesar de me teres chegado a tirar o ar, podia jurar que és a mesma pessoa capaz de me o trazer de volta.
Quem te pensou, pensou num veneno longo e doce.
Inebriante sem dúvida.
Dizem que estás em baixo. Que não tens comido bem. Desapareces a olhos vistos. Isso deixa-me tão preocupada, como sobressaltada, pois os meus pesadelos também regressaram, inimigos da minha condição solitária. O nosso amor chegou um dia a alimentar-nos, mas quem se priva do que quer, reclama novos traços ao corpo.
Dizem que ainda me amas... Mas eu só sei o quanto me destruíste.
Ainda assim...


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