Como?

É em tempos de tormenta que os céus se tornam claros.
Pode parecer ridículo, sei disso...
Mas se calhar não assim tanto.
Se pensarem bem...
É em tempos de dificuldade que paramos para pensar. Repensar. Por em perspetiva tudo aquilo que até ali tínhamos como um dado adquirido. Pensamos naquilo que temos, ou tivemos num dia, e se valerá ou não a pena lutar por tal ato, por tal coisa com todas as forças que temos dentro de nós.
Com todas as forças...
Sou uma mulher de extremos sei disso.
Mas também és um homem de extremos.
E ambos éramos a nossa tempestade. Loucos um pelo outro na intensidade de sentimentos, que somente nós os dois conseguíamos medir. Destemidos nas guerras que travávamos um contra o outro, e nós contra todo o resto do Mundo. Incoerentes em tudo o que de nós havia respeito. Inconsistentes nas palavras que dizíamos e bêbedos de desejo quando o momento dava a oportunidade. Desmedidos como só dois malucos conseguem ser, e despreocupados como apenas gente livre consegue viver.
Foi nesta mistura, rapsódia que nascemos. Da intensidade de fogo que forja as espadas mais fortes.
Então,...
O que é que aconteceu?
Como é que a intensidade de algo assim, diminuiu de um dia para o outro? Como é que começamos a viver em rotinas que nos tiravam o ar e que nos prendiam a compromissos impensáveis? Como é que deixámos de ter tempo para pronunciar as palavras que só nos poderiam definir como algo de importante, para passar para murmúrios sem significado? Como é que passámos a ter que tirar tempo para nos embebedarmos um no outro, quando tempo costumava ser aquilo que tínhamos para oferecer um ao outro?
Quando é que isto que tínhamos se virou de pernas para o ar?
Quando?
Como?
E porquê?

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