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A mostrar mensagens de julho, 2017

Duas da manhã

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São duas da manhã. Os nossos dedos tocam-se no remoinho dos lençóis, na preguiça amorosa de quem adormece nos braços do seu refúgio. O meu coração bate fora de compasso. Sempre tiveste um efeito irritante em mim, o meu veneno ainda antes do meu antídoto. Opostos que se atraem numa pessoa apenas. Remexo-me. As nossas mãos largam-se, as pernas entrelaçam-se. Movemos-nos em relação um ao outro, gravidade, força estática que nos atrai um para o outro a cada momento sucessivo, a cada novo segundo que o relógio conta. Abro os olhos- Duas miseras frestas num Mundo onde os Gigantes governam. Volto o meu rosto na tua direcção. Bolas! Esqueceste-te de puxar as cortinas de novo. O luar intromete-se no nosso quarto, qual terceiro espectador inusitado de todo um amor que é só nosso e que escritores mais competentes do que eu um dia irão rescrever. Solto uma ligeira gargalhada, abafada pela minha lentidão ensonada. Estás tão tranquilo. Ergo uma mão cautelosa, por vezes inimiga da perfeição. Te

De qualquer das maneiras...

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Sinto falta do toque dos teus lábios. O som doce do beijo que me acorda pela manhã. O nariz enrugado quando ponho as mãos frias no teu pescoço. Da tua língua afiada e cusca, que pragueja a qualquer obstáculo e sofre pela mais recente novidade. Lembro-me daquelas tardes preguiçosas de Sábado. Das minhas pernas estendidas sobre o teu colo e o teu coração nas minhas mãos. Os teus dedos longos que dedilhavam as cordas da guitarra. A luz do Sol que beijava as costas das tuas mãos, tocava as pontas dos teus cabelos, em tons de amarelos dourados ou laranjas ferrugentos. A minha alma alegrava-se a cada palavra que pronunciavas. A forma como os teus lábios se retorciam nos cantos, num sorriso palavreado. Como o teu cabelo caia para os teus olhos, as tuas covinhas se acentuavam de cada vez que olhavas para mim, e os nossos momentos juntos se tornavam maiores do que a eternidade. Foste o meu príncipe. Que me carregava às cavalitas de cada vez que eu pedia . E que me puxava para dançar pelo me

Sou ruínas

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Sou ruínas. Folha de papel em branco queimada. Palavras que ficaram por escrever retorcem-se perante os meus olhos, o sabor a cinza repousa na minha boca. Sabor intenso, comparável à saudade que transborda do meu coração. Tivemos somente direito a uma noite. Que durará a eternidade da minha memória. Amei-te numa noite de luar. Em instantes que se fundiam lentamente, como que saídos de um sono do qual eu não queria acordar. As nossas gargalhadas embevecidas nos braços um do outro, eram sons distantes, levados com o vento, testemunhados por passageiros alheios  a uma ilusão. Fomos uma luz no inicio de um túnel. Mesmo antes da tempestade se ter formado no Horizonte, e o Adeus se ter formado nos meus lábios. E nos teus. Foste mágico e o maior amor que tive nesta vida. Ainda tenho o som da tua voz gravado na minha mente. Um som que uma vez fora maravilhoso hoje é doloroso. Desejo de um céu nocturno e a luz da lua a entrar pela nossa janela. Queria voltar aquela noite, sentir os