De qualquer das maneiras...

Sinto falta do toque dos teus lábios.
O som doce do beijo que me acorda pela manhã. O nariz enrugado quando ponho as mãos frias no teu pescoço. Da tua língua afiada e cusca, que pragueja a qualquer obstáculo e sofre pela mais recente novidade.
Lembro-me daquelas tardes preguiçosas de Sábado. Das minhas pernas estendidas sobre o teu colo e o teu coração nas minhas mãos. Os teus dedos longos que dedilhavam as cordas da guitarra. A luz do Sol que beijava as costas das tuas mãos, tocava as pontas dos teus cabelos, em tons de amarelos dourados ou laranjas ferrugentos.
A minha alma alegrava-se a cada palavra que pronunciavas. A forma como os teus lábios se retorciam nos cantos, num sorriso palavreado. Como o teu cabelo caia para os teus olhos, as tuas covinhas se acentuavam de cada vez que olhavas para mim, e os nossos momentos juntos se tornavam maiores do que a eternidade.
Foste o meu príncipe. Que me carregava às cavalitas de cada vez que eu pedia . E que me puxava para dançar pelo meio da rua de cada vez que os Deuses lhe mandavam.
E a tua voz era a que povoava todos os meus sonhos. De uma intensidade que povoava o meu estômago de irrequietas borboletas.
Hoje choro.
Choro com a saudade a transbordar por ti de uma forma incontrolável, com as lágrimas que escorrem pelo meu rosto a servirem de extensão a um fantasma daquilo que nunca cheguei a ser.
E quando a noite chega o meu coração estilhaça-se um bocadinho com o som da tua canção.
Mas de qualquer das maneiras, já não sou completa.
De qualquer das maneiras...

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