Autómato ou como na verdade, ela não esteve realmente aqui
Ele pegou no pequeno envelope, que ela lhe havia deixado antes de desaparecer uma última vez. Havia sido o seu jeito de dizer adeus. Não por ela. Ela partira de boa fé, sem quaisquer arrependimentos daquilo que não havia feito. Mas por ele. O homem, cansado pelos últimos dias sem dormir, porque quem é que o consegue fazer quando os pesadelos são destruidores, retirou a folha de papel amarela para fora, e começou a ler: “ Nasci feia, tão feia quanto um bebé pode nascer, num Mundo que nada fez para a abraçar em condições. A culpa não foi minha. Mas, se formos a pensar bem no assunto, qual o ser humano neste planeta que não diz algo deste género? Quererá isso dizer que sou apenas mais uma? A única coisa que achava ter a meu favor era a minha perna fora da caixa. Até isso perdi. Pela altura em que me conheci, também me perdi. Sei que isso sim, é algo difícil de conseguir. Foi como se de um interruptor desligado estivéssemos a falar. Os meus contornos desapareceram. O Universo tra