Despertares

Acordo-te em cada manhã à espera de começarmos o nosso para sempre.
Não é uma coisa definitiva claro. O para sempre adquire novas formas, novos ternos segundos, minutos de pessoa para pessoa.
Queres saber qual é o meu para sempre?
Acorda. mostra-me esse sorriso capaz de derreter glaciares e lançar aos mares navios de guerra. Mostra-me esse sorriso, que foi a primeira coisa que conseguiu alcançar o meu coração coberto de trevas. É esse o meu para sempre. As borboletas no estômago que me provocas cada vez que sorris para mim. O facto de teres um sorriso que apenas eu te consigo provocar.
Vá lá! Acorda. Mostra-me esses olhos ternurentos e cheios de caricias pela manhã. Esses olhos que não largam os meus no meio de uma multidão, por muito mais do que o medo de me perder de vista. Que não largam os meus, pelo teu medo de perder o norte, pelo teu medo de ficar num sítio escuro sem saber como regressar.
Olho para a tua mão pousada em cima da almofada. Vejo o teu sinal nas costas da mão, o pequeno em forma de coração. Não consigo evitar quase de imediato sentir o calor do teu toque nas minhas mãos, os calos nas pontas dos teus dedos de dedilhar as cordas da guitarra. Não és um artista profissional, mas sempre me disseste que eu era a tua musa. E no encanto das palavras dos apaixonados, digo-te todas as manhãs que é de longe a voz que mais gosto de ouvir.
Consegues adivinhar quais as minhas palavras favoritas que saem pelos teus lábios?
Toco-te na ponta do nariz. Gelado. Quer seja Inverno ou Verão. Fazes-me tantas cócegas com o teu nariz. Os pequenos beijos de esquimó que os apaixonados partilham, quando os lábios estão ocupados a soltar as gargalhadas e os amores do outro. 
Agitas-te ao meu lado, e o meu coração, em ritmo próprio agita-se contigo. É o ritmo próprio de quem te amará para o resto da sua vida normal. Já antevejo o sorriso a formar-se nos teus lábios, como se já soubesses à muito tempo que estavas a ser observado, e estivesses somente a prolongar a minha tortura. Vejo os cantos dos teus olhos a franzirem-se como se os tivesses a fechar com muita, muita força. A prender os resquícios do último sonho. Espero que estivesses a sonhar comigo.
Espero muito mesmo. 
Abres os olhos e o sorriso é imediato, como se um fosse a chave para o outro. 
Já Está!
Finalmente.
Chegou o meu, o teu, o nosso para sempre.
 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O nosso amar

Aquele homem imaginário e inventado

Autómato ou como na verdade, ela não esteve realmente aqui