Amores

Amei-te pela primeira vez de uma maneira simples e profunda. Digna dos verdadeiros contos de fada, onde o mal surgia sobre a forma de uma bruxa Má, e a nossa paixão ultrapassava todas as tormentas.
Amei-te da segunda vez, de uma maneira mais descontrolada, mas carinhosa. Amor de quem desespera por completo por uma golfada de ar mas de quem quer ter a verdadeira oportunidade de a saborear. É um amor digno dos poderes dos grandes deuses, mas capaz de grande bondade. Um amor intenso e quente. Obsceno, mas tudo o que vale a pena na vida tem o seu quê de obscenidade.
Amei-te de novo, no calor de novos momentos e de novas idades. Amei-te quando novas modas nos cercaram, e quando era uma moda ainda maior estar apaixonado.
Amei-te no calor do momento, como se a fugacidade do tempo pudesse fazer com que os nossos sentimentos fugissem para lado nenhum e para todos os lados em simultâneo. Amei-te com a intensidade e com a mágoa de quem sabia que tudo iria terminar em breve.
Amei-te por tudo o que eras, por tudo o que eu era e por aquilo que éramos quando estávamos juntos. Como se aquilo que eras elevasse a intensidade do meu ser e por consequência fizesse de nós um casal espectacular. Ainda hoje sorrio com a nossa espectacularidade.
Amei-te em câmara lenta. Em sequências em preto e branco. Na intensidade das personagens dos filmes mudos, que incendiaram a imaginação de tanta gente. Eram películas continuas, sequências das nossas proezas amorosas.
Amei-te em sequência de segundos, cada segundo que passávamos a dormir ao lado um do outro, e cada momento que passávamos a gargalhar juntos. A estranheza dos minutos que geramos ainda está por ser explicada pelos mais rigorosos historiadores.
Amei-te no calor da tempestade, no frio das manhãs. Quando me dizias que não e quando eu te dizia que sim. Com todas as minhas forças e quando elas me faltavam.
Sim, amei-te. Acredita nisso.

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