Saio às ruas, assim que o Sol se começa a por no horizonte e as estrelas lentamente lhe começam a tomar lugar. É incrível a rapidez com que o azul celestial dos nossos dias-a-dias se transforma no azul escuro da negritude da noite. Os sons do dia começam a desaparecer muito lentamente. Começam a surgir os sons dos pequenos grupos que se dirigem para as suas festas, os sons dos carros frustrados que fazem o seu longo curso para casa. Existe no ar uma pequena fumaça que nos faz pensar em pó-talco esvoaçante, que nos esconde os mistérios que nem sabíamos ter diante de nós. Caminho muito lentamente, sentindo as pedras da calçada por baixo dos meus pés, e não me consigo conter em passar as minhas mãos pelas pedras rugosas das paredes dos velhos edifícios. 
Nunca consigo afastar da minha mente, o pensamento que a cidade vive por baixo dos nossos dias. Que de alguma forma tem uma alma subjacente, que respira quando nós respiramos, que pisca os olhos quando nós o fazemos, que se expressa nas suas mais diferentes formas e sentidos. Os edifícios com as tentativas de expressão de arte dos mais diversos artistas do Mundo da rua enchem esta cidade do seu sentido, da sua história...
Da sua vida...
Desde de pequena sempre imaginei que iria viver numa cidade. Sou uma rapariga do campo na verdade. Mas sempre sonhei com a imensidão de uma cidade, com as diferentes histórias que preenchem cada um dos seus cantos, a todos os momentos do dia, em cada instante da eternidade. o facto de a cidade viver, era isso que eu mais queria ver, tocar, sentir, cheirar. Ver a imensidão de tudo com os meus próprios olhos. A força de tudo. O poder de tudo.
É o Mundo ao alcance das nossas próprias mãos, as diferentes vidas sem termos de sair de um único lugar.
É o amor em um único lugar.
E é isso...
Luana Mendes

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O nosso amar

Aquele homem imaginário e inventado

Autómato ou como na verdade, ela não esteve realmente aqui