Choro.te

Faz hoje três anos, cinco meses e sete dias que deixaste o barulho vazio da tua ausência, e frequentes são as vezes que sinto que vou sufocar nessa imensidao, qu vou deixar de ver pela quantidade e lágrimas que teimam em picar os meus olhos... O lugar vazio que deixaste no centro e a esquerda do meu peito em nada diminui de tamanho desde essa malfadada noite em que puseste os pes fora de casa, apenas para nunca mais voltar.. Ainda me afogo nas ultimas palavras que dissemos, ainda fecho os olhos perante a imagem do teu carro a cruzar a esquina a saída da nossa velha casinha, das gotas de chuva que obscureceram a tua imagem, quais concorrentes ingratas das lagrimas que por sua vez caem pela minha cara, essa cena passa vezes e vezes sem conta na minha cabeça, qual fita de video presa no gravador... E a cena que marca os meus dias, que povoa os sonhos que tenho quando eventualmente consigo dormir, e são muitas as vezes que parece que vejo o teu acidente nos meus sonhos,, e assim acordo com o teu nome nos meus labios, o que me afoga, me afoga sempre.

O empregado de cafe traz.me o meu pedido. Olha para mim e perde a cor, como quem vê uma assombração. E verdade, talvez seja o fantasma do que fui um dia, ou talvez seja uma memoria distante de uma dor que ele também conhece, talvez o faça lembrar alguém de quem ele foge, todos fugimos do passado, alguns mais do que outros. Olho através da janela. Vejo as pessoas a passarem nos passeios, a vida na sua vida rodopiante. A vida continua para muitos, aqueles que sorriem e sabem dar gargalhadas, mas a minha ficou em suspenso na noite que foste embora, na noite em que te levaram de mim de uma maneira tão injusta.

Bebo o meu cafe. Escorre.me quente pela garganta só como o café sabe ser quente. São apenas estas as sensações que sei reconhecer nos dias de hoje, frio, quente, dor, dor, dor... As vezes DOI tanto que não sei o que hei.de fazer, impossível de aguentar.. Não sei o que DOI mais... Aqueles dias em que me acontece alguma coisa, e a minha maior vontade e correr para casa e contar, para poder ver o teu olhar brilhante e o teu sorriso rasgado MAs depois lembrar.me que ja não estas la, nunca mais estarás ou querer ouvir a tua voz, querer que o teu rosto seja a primeira coisa que eu veja todas as manhas, ou a última coisa que eu vejo todas as noites. Nunca mais ouvir o teu cantar desafinado enquanto cozinhavas porque eu era tao ma a cozinhar, e continuo a ser tao ma, irias.te rir da maneira como eu me tenho alimentado nestes últimos tempos. São imensas as vezes que anseio pelo teu toque de uma maneira tal intensa, que a minha pele chega a queimar, doer, implorar por algo que ja não tem a tanto tempo.

Saio do cafe, neto as mãos nos bolsos e enveredou pelos caminhos que a cidade nos engole, que a cidade faz com que vivemos apenas pela energia que ela tem de viver. A todos menos a mim. Aprendi a algum tempo que a dor nos atinge de uma maneira tao intensa, tao esmagadora, que são poucos que lhe sobrevivem. Mas quando tal acontece, a dor começa a desaparecer muito lentamente, a pouco e pouco como se fosse um peso que se levantasse. Apenas para deixar um lugar vazio no sitio onde estava nessa dor, um vazio que nunca se preenche por completo. Mas a pessoa acaba por saber viver com esse vazio, acaba por poder suportar esse vazio. Aprendi isso a ver as pessoas a meu redor, a observar tudo apenas a observar, o que faço ao longo dos meus dias. 

Eu...Ainda estou a tentar fazer com que a minha dor não me esmague. Mas e como estar numa jaula de vidro, onde podemos ver tudo a nossa volta de uma maneira assustadoramente viva, mas não conseguimos, não temos forças para destruir as paredes que nos enclausuram, que me enclausuram constantemente. Mas sei que quererias que tivesse forças  apenas sei que estou a tentar, tento todos os dias da minha vida, desta espécie de vida que me atrevona viver não vivendo. A respirar o ar que outrora respiraste, a beber da agua que outrora bebeste. Sabendo que em CADA gota de chuva que agora me cai no rosto esta a tua prensença, que em cada olhar azul que vejo lembra.me a tua ausência. Mas suponho que seja de ausências que a vida e feita, e um dia a minha ausência se juntara a tua, a talvez ai a dor desapareça.





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