Era suposto

Eu fui o amor da tua vida, mesmo ainda antes de estar escrito nas estrelas.
Aquela que te iria trazer as velhas borboletas de volta ao estômago. Que riria das tuas piadas, mesmo quando a sua graça não era assim tanta.
Eu sou aquela que te estava destinada.
Que te faria rir com uma simples gargalhada. Que beijaria todos os centímetros da tua pele até que os pesadelos se fossem embora e a noite se tornasse dia.
Não tinha medo de caminhar ao teu lado... Quer atravessássemos o mais belo dia de Primavera ou o mais gelado dos Invernos.
Sou alguém que nunca quis acreditar em almas gémeas, mas tornaste-te na minha desde o primeiro momento em que tropeçaste e quase caíste nos meus braços.
A tua barba fazia-me cócegas na pele de cada momento em que me preenchias o rosto de beijos.
E os meus lábios eram a tua parte favorita.
Detestavas que cantasse quando íamos a ouvir música no rádio do carro porque toda a gente ficava a olhar para nós.
Mas sei que lá no fundo adoravas.
E eu adorava seguir as pegadas que deixavas pela areia molhada.
Era suposto ser da minha responsabilidade... A tua felicidade.
E agora...
Resta-me apenas confusão.
Mal-entendidos que ardem nas chamas que vão dentro do meu peito.
Era suposto ter-te dado a mão pelos momentos menos bons para que fosse um bocadinho mais fácil caminhar através destes.
Era suposto ser feliz contigo até que os meus cabelos ficassem brancos e as tuas mãos enrugadas.
Não era suposto o meu amor por ti magoar-me desta maneira.
Mas a felicidade foi-me roubada e a noite chegou, sem que os ponteiros do relógio saíssem do seu lugar.
As palavras terminaram. Frases ficaram a meio e um por-de-sol não mais será tão intenso quanto chegou a ser.
Sei que a história continua mas deixaste-me perdida no meio de um enredo que não entendo e nem quero entender.
Raios!
Choro quando não o quero fazer e grito para não partir nada.
Chega deste pesadelo.
Era suposto sermos felizes.

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