Amor

Enchi-me toda de coragem...
Respirei fundo, com a ligeireza de um passarinho bebé que sai do ninho.
Aproximei-me de ti por trás. Podia reconhecer a tua figura em qualquer lugar, os teus membros fortes, os teus movimentos deliberados. 
Sorriste-me quando me viste. O teu sorriso deixou-me de pernas trementes, sempre soube que eras a fraqueza da minha alma, do meu coração, e também eras a fraqueza do meu corpo. 
Disseste o meu nome. Sempre adorei a forma como soava nos teus lábios, como se tivesse deixado de me pertencer, e adquirisse outra forma, graças a ti. 
Uma sensação estonteante bem sei.
Olhaste-me como se fosse a única à face da Terra e a pessoa mais importante daquela sala. Os teus olhos claros, percorriam o meu rosto de um cantinho a outro, como se tentasses decorar cada um dos seus detalhes, como se existisse a hipótese de ser a última vez que me estavas a por a vista em cima. Fazias-me sentir um frio na barriga, um nervoso de antecipação. Eras a minha maleita e o meu remédio.
Estendi-te a mão. Olhaste para ela com a dúvida desenhada através do teu rosto. Ficavas tão giro, de sobrolho franzido. Peguei no teu pulso, quando o teu corpo paralisou. Entrelacei os meus dedos nos teus, o meu polegar em círculos pelas costas da tua mão. Disse-te que te amava. Com a simplicidade de quem abre os olhos depois de uma longa noite de sono. Disse-to porque estava preso na minha garganta à demasiado tempo, e corria o risco de perder a coragem.
Encostaste a tua testa na minha. A ponta do teu nariz roçou no meu e provocou-me cócegas. O cheiro da tua água-de-colónia preencheu-me as narinas e encheu-me de ti.
Puseste a mão no fundo das minhas costas e puxaste-me na tua direcção. Ouvi a tua respiração a acelerar. Mudaste a posição da tua mão na minha, e de alguma forma, puxaste-me para dançar no meio do corredor, à frente de toda a gente. As tuas gargalhadas preenchiam o ar, e tornaram-se o meu som preferido. 
Disseste-me que também me amavas. Que era a tua miúda favorita.
E eu amo-te. E sinto a tua falta. 

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