Na tua ausência

Vi o amanhecer da saudade no teu olhar.
E a tristeza de um "Até já" no teu sorriso.
Lembro-me de dançar contigo no meio da sala, no lusco fusco das luzes. Os teus olhos brilhavam quando sabiam de cor o meu rosto, e a tristeza evaporava-se de entre nós os dois.
O amanhecer nunca mais foi o mesmo, desde que a escuridão da tua ausência se instalou na minha vida.
Eras o meu amuleto.
O meu fado.
E a saudade é uma amiga traiçoeira, daqueles que nunca a quiseram sentir realmente.
Quis pedir-te que ficasses. Que me tomasses nos teus braços e cobrisses o meu rosto e os meus lábios de beijos, uma última vez.
Apenas uma última vez.
Mas agora, o vento eleva os meus cabelos, e as minhas lágrimas voam nas suas mãos.
Sei que agora a música é outra. E tento acompanhar o seu ritmo o melhor que consigo.
Sei que não me amas da maneira que eu ainda de te amo. E por momentos, achei que o meu amor fosse o suficiente por nós os dois.
Mas sei que me iludi, e esgotei as minhas desculpas para o fazer.
E as estrelas não ditam o meu destino, as suas palavras são ocas e não fazem sentido.
És agora o fantasma do meu passado. E queria juntar-me a ti, pois agora também eu sou um fantasma do que costumava ser.
Mas o tempo não volta atrás.
Durmo.
Porque nos meus sonhos a minha esperança cresce.
Mas pouco dura.
A realidade rapidamente volta a acertar-me em cheio.
Vivo na noite.
Na tua ausência, o Sol nunca mais se voltou a erguer.

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