Página em branco

Alguns podem dizer que conhecem o amor como se fosse o seu melhor amigo, outros podem até escrevê-lo de cor, fruto dos seus corações traiçoeiros ou até mesmo inventá-lo... Já que se inventam tantas outras coisas, porque não mais uma?
Pois...
Eu tive-o nas minhas mãos, e por entre os meus dedos fugiu.
A noite em que me caíste do céu, foi a mais estrelada das noites, em que duas pessoas tiveram a sorte dos Deuses de se arriscarem a apaixonarem-se.
Só os fracos de coração e tolos da razão.
Eu, era a calada no meio de um grupo de tagarelas, a minha imaginação sempre falou mais alto do que a minha presença, e noventa porcento das alturas estava no Mundo da Lua. Tu...
Céus...
Tu eras o mais tagarela de todos eles, o maior gesticulador e o maior falinhas mansas que alguma vez havia conhecido.
E acho,...
acho que te amei de cor.
O nosso amor foi pouco digno de contos de fadas. Dizem que as mulheres são de Vénus e os homens são de Marte, e no nosso caso, nenhuma outra verdade poderia ser mais acertada. Não fomos nem príncipes nem princesas. Céus, Jesus, longe disso.
As nossas discussões eram duras e sem significado. Gritávamos, barafustávamos e chorámos um com o outro.
Mas no minuto seguinte... No minuto seguinte, o meu coração enchia-se da mais elegante certeza de que era contigo com quem queria barafustar até ao fim dos meus dias.
Paixão... A nossa paixão incendiava-se por nós. E os duros de ouvido, que dizem que paixões passam, que o seu prazo de validade está estabelecido...
Pois a esses digo que não sabem porra nenhuma.
Enchemos um caderno de linhas tortas com a nossa história... Mas em cada cicatriz que dela restou no nosso corpo, sei que não teria mudado uma única palavra.
És a minha página em branco.
E o meu livro acabado.

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