Sinto umas saudades loucas de ti

Sinto umas saudades loucas de ti.
Na tua partida, deixaste um vazio profundo, que é apenas preenchido pelas memórias, pelas fotografias, ou pelas marcas que deixaste em mim e no meu coração.
Existe um pedaço de mim que se perdeu quando tu partiste.
Ainda não tive coragem de voltar a entrar no nosso quarto. Porque... era nosso, percebes? O sitio onde as nossas imagens, as nossas recordações estão marcadas a ferro em brasa. Mesmo agora... consigo fechar os meus olhos... e imagino as nossas conversas a altas horas da madrugada, conforme o luar entrava pela janela do teu lado da cama, e iluminava a pequena ruga que tinhas no meio das tuas sobrancelhas, quando falavas de algo que te entusiasmava, que te apaixonava. A maneira como os teus olhos ficavam tão brilhantes, duas pequenas estrelas cadentes que somente existiam no meu Universo. Consigo ouvir a cadência sussurrada da tua voz quando falavas, apesar de estarmos somente os dois, e não existir a mínima hipótese de nos ouvirem por quilómetros. Deus... Não querer quebrar a bolha do nosso Mundo. 
Lágrimas escorrem pelas minhas faces.
Costumo chorar de cada vez que penso em ti. Mais do que humanamente possível, provavelmente. Lágrimas felizes. Felizes, pois apesar de te ter perdido tive uma oportunidade de te ter. E lágrimas de saudade. Pela ideia miserável de já não te ter ao meu lado. 
Ouço a nossa canção na rádio a toda a hora. Apanha-me de surpresa, e traz cá para fora memórias que julgava estarem perdidas, num baú lá longe, por trás de paredes de betão. Recorda-me aquela primeira vez em que te vi, aquela primeira dança, a primeira vez que te disse que te amava, e a primeira vez em que me senti amada. 
E quebra-me... Provavelmente em mais maneiras do que aquelas que poderia contar. 
Amo-te. Provavelmente em mais maneiras do que devia. 
O teu casaco ainda está caído pelas costas do sofá. Aquele horroroso, que encontraste na feira da ladra, e pelo qual uma vez disseste estar quase tão apaixonado quanto estavas apaixonado por mim. Se não viesse da tua pessoa, teria ficado ofendida, não conhecesse eu esse teu jeito trapalhão com as palavras, e emocionante de gestos. O teu cheiro permanece, e é junto dele que dou por mim a adormecer a maior parte das noites. Transporta-me de volta a outros tempos, a memórias mais felizes, mais apaixonadas, mais...
Sinto umas saudades loucas de ti... E não sei se algum dia isso mudará.
Passo os meus dedos pela tatuagem do teu nome. A suas sílabas ficam presas nos meus lábios. Ás vezes tenho medo de dizer o teu nome. Medo que isso me quebre de uma vez, e já não haja volta a dar. Mas outras, de tão confusa que a minha cabeça é, dizer o teu nome é como se estivesses aqui ao meu lado de novo. 
E respiro,... e de alguma forma tento continuar. 


Comentários

Mensagens populares deste blogue

O nosso amar

Aquele homem imaginário e inventado

Autómato ou como na verdade, ela não esteve realmente aqui