Quebramos

Quebramos no dia em que começamos a amar. É uma verdade Universal. Uma que aprendi. Dificilmente. Mas que aprendi. De uma maneira muito simples. Pura. Sem preconceitos. Magoei-me quando o aprendi, É verdade. Faz parte do quebrar. Mas segui em frente. Colei todos os pedaços da minha pequena alma com fita isoladora. Sobraram-me peças. Guardei-as. Não fosse alguém precisar de partes extra.
Fazem sempre falta.
Partiste depois. Foste em busca de algo mais que achavas que ias alcançar em desaparecendo. Mal sabias tu, que afinal já estavas completo. Já tinhas a metade da maçã que completava esse coração sumarento. Era eu. Parte de ti transportou-se para mim no dia em que nos aceitámos. Em que eu te aceitei. Em que me aceitaste. Em que do calor da tempestade transformámos a centelha da paixão. Tinhas tudo. Tinhas uma palavra de carinho. Tinhas um abraço muito apertado. Uma gargalhada das tuas piadas. Um "Fica bem". Um beijo gelado. Um beijo afogueado. Achavas que te faltava alguma coisa, Eu achava que possuíamos tudo.
Eles bem dizem que os opostos se atraem.
Apesar de tudo. Sinto a tua falta. Com muita força mesmo. Apesar de isso magoar cada pedacinho colado por fita isoladora da minha pequena alma. Tal como eu fiquei com pedaços de ti aqui, levaste pedaços de mim contigo. Talvez fossem igualmente peças extra. Mas não deixam de ser parte integrante da minha alma. Vivem para além de mim. Magoam para além de mim.
Admito que tenho saudades tuas. Digo sempre a verdade. Digo sempre o que penso. Tenho saudades das tuas palavras num dia de chuva e da tua gargalhada numa tarde de praia. Dos calos das tuas mãos de tanto pegares nas minhas, dos teus pés sempre gelados que se querem enrolar nos meus por causa do frio.
Tenho saudades tuas. A pessoa que te amou sente saudades tuas. Mas foi por causa do seu amor por ti que ela foi quebrada. E assim, essa mesma pessoa, eu deixei de ser.