Na tua ausencia

São imensos os dias. Tentei conta.los uma vez com os dedos da minha mão. Perdi. Lhes a conta tão facilmente como uma criança pequena que tenta contar quantas estelas existem no céu. Ri. Me de mim mesma. Tenho a ideia que b também te ririas de mim. Com mais delicadeza. E eu não te levaria a não por isso. Nunca de levei a mal por nada para dizer a mais pura das verdades. Algumas palavras de certas pessoas magoam muito. Outras não magoam nada. E as tuas, como eras a pessoa certa... Não magoavam nada.
Chego. Me ao parapeito de ferro. Coloco os braços por cima dele. Sinto as mangas do meu casaco a encharcaram.se quase de imediato. Choveu nos últimos três dias. Não me deveria de admirar quando o  casaco se molha. Ou do sorriso. Do sorriso parco que se estende agora aos meus lábios. Porque me lembro. Me lembro do quanto adoravas chuva. De ouvir os pequenos pingos nos telhados da nossa casa. De como eu te encontrava, extasiado, a observar a propagação das pequenas Gotas de chuva nas poças de agua. Parecias um verdadeiro cientista, em busca daquela resposta dos céus divina.
Sinto o vento a embater no rosto. Fecho os olhos por instantes. E m vento gelado. Quase demasiado gelado, que começa a ser incomodativo. Mas não me importo. E o mais perto de uma sensação que tenho nestes incontáveis dias. Adorava vento. O modo como brinca com o nosso cabelo até mais não. Dizias que deveria ser a única rapariga a face da terra que não se importava de ter o cabelo uma desgraça. E era verdade. Não me importava. Não Me importo. Mas hoje, isso já não serve de grande exemplo... Já pouco me importo com alguma coisa.
Olho para as minhas mãos. Coloco. As em concha uma contra a outra e levo. As aos meus labiosa. Sopro um pequeno fio de ar contra os dedos para tentar aquece. Las. Costumavas fazer isto, neste tipo de dias, em que eu insistia para sairmos de casa, com um tempo gelado, mas nunca saia agasalhada o suficiente. Puxavas as minhas mãos para ti e tentavas aquece. Las nas tuas. Era a tua maneira de cuidar de mim.
Mais uma...
Olho para longe. Apenas para onde posso olhar. Pouco mais escuto ou vejo a minha volta. Muitas vezes só me resta olhar para outro tempo, Olhar para o passado. Procuro aquelas nossas memórias. São o meu único alívio da realidade que me atormenta todos os dias desde aquela triste tarde em que não decidiste ir Embora, mas a quem a vida impôs as suas regras.
Começo a caminhar de novo. O frio de alguma maneira se escapa por entre as camadas de roupa por cima da minha pele. Tenho frio agora. Tanto frio. E como se o meu coração tivesse gelado no dia em que partiste. E esta parado agora. Quase como uma pedra reduzida a instância do seu ser. Pareço uma donzela em apuros. Eu sei. Mas ainda estou a pegar em todos os pedaços de mim que se quebraram. Um dia ficarei bem. Não óptima.  Mas bem. Afinal de contas, tenho que ser eu a aquecer as minhas próprias mãos.
O meu príncipe Encantado já não aqui esta.

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