Amanhecer tresloucado.

Acreditei na serenidade das tuas palavras, que voaram leves, como um pequeno vento que teimava em não acreditar em contos de fadas.
Revi-me num espelho que apenas me entregava mentiras de volta.
E quando me deste a mão, e me disseste que me amavas, naquela última vez, ingénua santa, quis acreditar com todas as minhas forças.
No inicio fomos somente ilusão. Lembro-me de te tentar evitar com todas as minhas forças. Coração somente quer aquilo que consegue ver, e por mal das minhas aventuras, julguei que o meu coração fosse demasiado fraco para aguentar o desgosto amoroso que adivinhavas ser.
Loucura minha querer evitar o inevitável.
Fomos dois miúdos que se apaixonaram na confusão de um amanhecer tresloucado.
Um rumo sem tino, um sonho impossível que a realidade forçou e não ajudou.
O perfume de uma memória a dois.
Um beijo trocado no escuro do cinema, para sempre gravado em papel químico, fácil de perder, dificil de manter colado no quentinho de uma alma que costumava estar inteira.
Fomos um passo de dança, uma banda de marcha que destruiu tudo em redor.
O sossego desassossegado do que se passou entre nós ecoa para além de tudo o que é são, forçou-te a desistir e a perder um amor que um dia achei que sentias por mim e deixou-me a mim destroçada e de braços abertos.
A cura para depois de ti... Ainda não a encontrei.

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