Tudo em vão

Destruiste-me em mais pedaços do que aqueles que eu me atreveria a contar. Desenhaste uma galáxia inteira com aquilo que roubaste de mim. E depois tiveste o desplante de pegar em todos eles, e ferrá-los em cada centimetro da minha pele, um por um, que me iam ferindo uma e outra vez.
Tortura masoquista.
Pegaste no meu coração e fizeste dele um trapo. Espezinhaste-o e retroceste-o a teu belo prazer, como se fosse algo descartável.
Foste o Golias para a minha constituição de David.
Foste um lutador sujo numa luta que eu nunca tive realmente a oportunidade de ganhar.
Fizeste gato sapato de mim, desde o momento em que te apercebeste o quão apaixonada eu estava por ti.
E de ti me tornei escrava, por cada beijo que me tomavas.
És um imundo destruidor de mim, e de todas aquelas que sonham com o amor de uma vida.
Já passou demasiado tempo. Merda, bem sei disso. mas as feridas aqui estão ainda. E são mais do que os cortes sujos com que me deixaste.
São agora cortes limpos mas dolorosos, que supostamente deveriam pertencer a mim, como a quem pertence alguma coisa que não é realmente dele. Mostram a dor que me fizeste passar.
Que ainda me fazes passar.
Odeio-te ainda mais por isso. Por passado este tempo todo, ainda exerceres uma tamanha força sobre mim.
Tentei encaixotar-te. Fi-lo com as tuas coisas, porque é que não iria resultar contigo? Tentei encaixotar-te, ao teu cheiro, ao som da tua voz. Tentei mandar-te embora, para bem longe, para nunca mais ter que gastar os meus pensamentos contigo.
Longe da vista, longe do coração, certo?
Mas acho que isso apenas me faz esquecer de ti, algumas vezes. não é uma solução muito benéfica para dizer a verdade. Porque os momentos que voltam de ti, quebram-me um pouco, às vezes muito. Às vezes é como se voltasse àquele momento em que deixaste de ser quem eu pensava que eras.
Suponho que existem males que vêem por bem.
Céus, detesto essa porcaria de cliché.
Nada de bom nasceu de nós os dois.
E depois disto, no fim, não sei o que fazer.
O que se faz quando a pessoa que amámos se tornou a pior coisa que nos aconteceu na vida?
Como é que se segue em frente?
O que se faz quando tudo é em vão?

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