Não Escolhi

Quero que saibas que eu não escolhi gostar de ti.
Até pelo contrário.
Não escolhi gostar da tua forma. Da tua mania de seres atlético quando eu só quero estar no sofá com um bom livro. Gosto de me espreguiçar e de passar o dia de pijama. Lida com isso.
Não escolhi gostar desse cabelo espetado. E já que estamos a falar disso, das horas desnecessárias que passas na casa-de-banho para o por de pé.
O cabelo...
Não sejas assim.
Não escolhi gostar do teu sentido de humor parvo, nem de como esperas que toda a gente perceba as tuas piadas de super-heróis. Às vezes és demasiado nerd, e por associação fazes-me nerd, porque começo a perceber aquilo que estás a dizer.
Jesus.
Abano a cabeça só de pensar nisso.
Ah!
E sem dúvida alguma que não escolhi gostar da tua forma de arrumação. O teu caos organizado ou da maneira como dizes que tudo tem o seu lugar, conforme vais deixando a roupa espalhada pelo teu lado do quarto.
Bem podes crer que não toco nas tuas camisolas suadas.
E temos que falar de outra coisa!
O teu permanente cheiro a tabaco! Que coisa é essa, tendo em conta o grande atleta que és, de escolheres ser uma chaminé??
Uma coisa não combina com a outra.
E qual é a razão de estares constantemente a roubar o meu champô? Não é coisa simpática, chegar ao duche e não o ter para me servir.
Às vezes és irritante.
Suponho que também não escolheste gostar disso em mim. Nem do meu hábito de encostar os pés frios às tuas pernas quentes quando estamos a meio da noite. Nem do meu cantar desafinado ou da minha teimosia.
Também tenho tanta coisa.
Mas gostas. Gostas de mim.
E Eu gosto de ti.
Suponho que o amor não é feito de escolhas conscientes, mas de vontades que não sabíamos ter. De instintos primitivos que nos levam para caminhos desconhecidos.
A sensualidade da aventura.
Não escolhi gostar de ti. Mas sem dúvida que acabei por te amar.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O nosso amar

Aquele homem imaginário e inventado

Autómato ou como na verdade, ela não esteve realmente aqui