Abracei-te

Abracei-te...
Abracei-te através de tudo e de nada. Os meus braços serviram de porto de abrigo para o teu corpo alto e musculado.
O meu pescoço foi abrigo para as lágrimas que escorriam do teu rosto...
Abracei-te...
Abracei-te quando as palavras eram dificeis de ser pronunciadas. Quando os tempos eram dificeis. Quando apenas com um olhar conseguia ver a dor que te ia dilacerando.
Abracei-te...
Estive aqui quando a noite era demasiado fria. Quando o teu imaginário era povoado pelos piores cenários, e demónios temerários não descansavam enquanto não te apanhavam...
Estive aqui quando tu não querias estar...
Abracei-te quando estavas à beira de saltar de um precipício. Quando os cortes sangravam demasiado, quando as palavras eram demasiado altas para serem suportadas.
Fiquei quando precisaste que te amasse. E eu fiquei porque te amava. Céus! Como eras fácil de ser amado... De ser protegido... Tão, mas tão fácil...
E tão difícil...
Abracei-te... Mesmo quando não eras o homem que eu me lembrava amar. Mesmo quando os teus demónios tomavam conta de ti e se projectavam para mim. Fiquei... Estagnei no lugar onde estava. Que nem uma árvore, criei raízes fortes que me permitiram resistir contra as piores tempestades...
Abracei-te...
Mesmo quando te odiava. Mesmo quando queria que fosses à merda, que desaparecesses da minha vista. Supoonho que no calor do momento, os pensamentos correm mais depressa do que aquilo que queremos.
Mas depois...
Depois nada disto serviu para alguma coisa...
Já não te posso ver. Já não posso ouvir a tua voz. Ver os teus olhos. Passar a mão por ti, para garantir que estás bem...
Já não te posso abraçar...
Já não posso nada daquilo que podia contigo. Porque a escuridão levou aquilo que a paixão não conquistou...
E agora...?
Quem é que me abraça?


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