Se um dia te voltarei a ver?

Sorrio ao pensar em ti.
Em cadências suaves e ligeiras, do que antes foi animalesco e intenso.
Sorrio, de lágrimas nos olhos e com um coração cheio de saudade. Em quem um dia todas as nossas memórias não foram mais do que passos levados pela maré, em que o vento tocou apenas ligeiramente.
Foste luz de uma estrela cadente.
Tão quente. Tão incansável. Passaste por mim neste Mundo, apenas tempo suficiente para queimar tudo na tua passagem. Deixaste um rasto de destruição pelo meu corpo, a tua imagem gravada na minha alma, e o teu nome na beira dos meus lábios, os únicos vestígios do teu poder destrutivo.
Nunca me considerei de porcelana. Mas nas tuas mãos, a primeira falha na minha superfície iniciou o seu caminho traiçoeiro, colocando em risco tudo aquilo que os meus sentimentos lutaram contra a minha mente.
Foste o meu momento irracional. O futuro que nunca previ na minha vida de desafios pouco extenuantes.
Amo-te em pequenos pedaços ainda. Sei que se te amasse em grandes pedaços de cada vez, o meu coração poderia explodir e as saudades iriam esmagar-me. A ternura do que passamos ainda está impressa  nas minhas mãos, às vezes mais do que em sucessões de imagens, num plano de uma outra vida.
Percorremos outros caminhos. Mas em todo o Mundo sei que a vida tem outros planos.
Sorrio, perante a imensidão de um céu que nunca me pareceu tão repleto de brilho. Perante o facto de nunca mais irei segurar a tua mão na minha.
Sei que divago. O meu espírito deambulante perde-se nas palavras, não as leva com o vento, mas carrego-as nos meus braços, prova de onde vim e para onde vou.
Se um dia te voltarei a ver?

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