Dançámos

Descrevo-te lentamente.
Com palavras incontáveis, impensáveis ao ser humano que corre o dia para não pensar.
Com movimentos translúcidos, de quem ama por mais do que amar, e não teme amar com todo o seu coração e alma.
Amar lentamente não deixa espaço a porquês.
E eu amo-te, sem que os pontos estejam nos is e sem que o relógio tenha soado as doze badaladas.
Afinal, o nosso conto de fadas nem começou.
Adormeces tranquilo ao meu lado, sem reservas de quem carrega a dúvida na alma. As tuas longas pestanas projectam sombras no teu rosto, cada linha representando um ponto de viragem na tua história.
Até os meus braços terem sido feitos para te abraçarem.
Os teus sonhos, elementos figurativos, incontroláveis projecções de uma alma indomável, levam a que o teu rosto suavize. Consigo ver o coração de ouro que costumavas ser e aquilo que ainda temos para chegar.
Num instante, o Futuro está aqui.
Os teus dedos escorregam um pouco mais dos meus, numa dança vagarosa e sensual. O meu corpo arrepia-se e o meu coração assemelha-se a um colibri.
Sorrio ao lembrar-me que disseste que me amavas, pela primeira vez, debaixo da Lua Cheia. A forma como as tuas palavras caíram sobre mim, primeiro devagar e depois com a intensidade das mais ferozes batalhas. O nosso caminho não se iniciou naquela noite. Continuou, por ventura, em jeitos cálidos e apaixonados , de quem ama verdadeiramente de quem ama pela primeira vez e nunca quis conhecer um outro amor.
E dançámos pela noite fora. Com gotas de chuva a escorrerem pelos nossos rostos e os corações cheios de paixão. Dançámos, com as mãos firmes no corpo um do outro. Nunca mais te quis largar, e graças a Deus nunca mais te deixei ir.
E o meu coração deixou de estar nas minhas mãos.

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