São segundos, e depois são somente momentos

São incontaveis as letras do imaginario humano que contam a historia de seres, que vem a sua existencia plena a ser desconcertada por um acontecimento que muda tudo de um dia para o outro. Apenas por um momento, onde olhares se cruzam, palavras sao trocadas sem sequer serem mencionadas, onde respiraçoes se quebram e ritmks cardiacos se aceleram. Momentos estes sao aqueles que sao contados. E foram momentos estes qhe sempre tornaram o meu cepticismo muito grande. Suponho que sempre tenha sido uma romântica, mas como qualquer ser humano, o que me tornava céptica acerca do romance era este nunca me ter encontrado.

Ate ao dia...

Estava por tras do balcão mais nojento que algum dia poderiam imaginar, com manchas amarelas tao incrustadas no mármore branco, que nem o mais forte dos produtos ja as conseguia tirar. O meu patrão estava por trás de portas fechadas, no seu escritorio.. Ele achava que isso iria prevenire.me de ouvir as suas conversas, mas as paredes eram tao finas que ouviam tudo, desde a mais vulgar conversa ao palavrao mais imaginativo que ele conseguia inventar.

Então... No local onde a luz parecia ter mais dificuldade em entrar, e onde os lugares vazios pareciam ainda mais vazios. Lá entrou ele. O homem mais elegante com quem me tinha cruzado em bastante tempo. E olhares cruzaram.se.. E respirações sustiveram.se. E batimentos cardíacos aceleraram. E ele olhava para mim, como se de repente tivesse perdido o rumo das coisas, como se de repente se tivesse esquecido do que ia ali fazer. Reparei que o seu sorriso era hesitante, como se de repente as palavras se tivessem perdido das suas cordas vocais.

A sua voz era calma quando falou comigo. Os seus lábios moviam. Se muito vagarosamente, como se ponderasse muito bem cada uma das suas palavras antes de as dizer. Reparei no seu fato cinzento de bom corte, a sua gravata, também ela cinzenta, junto da sua garganta. Admito que poucas foram as suas palavras, que entendi realmente, como se ganhassem um novo significado apenas por serem dele. Colocou a sua mao por cima da minha quando acabou de falar, um gesto calmante mas electrizante em simultâneo. Depois foi. Se sentar numa das mesas. Admito que era algo engraçado vê. Lo ali no meio de um ambiente que contrastava com ele como se de o dia e a noite se tratasse. Mas naquele instante tambem ja não queria que ele se fosse embora.

Fui ter com ele com o seu pedido. Simples,apesar de todas as complicações que ele parecia trazer. Coloquei as coisas diante dele. E a sua voz soou de novo, as suas palavras soaram no eco infinito de um espaço outrora vazio:

- Sente.se por favor. Quero falar consigo.

- Porque? - perguntei surpresa.

- E porque nao?

-Pessoas como o senhor não tendem a ter nada a dizer a pessoas como eu.

- Tem.se em muito pouca conta sendo assim.

-Não. Simplesmente e assim que as coisas sao.

- Se existir algo que se possa fazer para alterar o que se chama "o equilíbrio das coisas", não acha que deve ser feito?

Ponderei naquilo por momentos e acabei por fazer o que ele me disse.

- E o que deseja falar?

- Do que a mais aterroriza.

- E porque que quer falar acerca disso?

- Porque também e aquilo que mais deseja.

- E tem ideia do que e isso?

-Felizmente tenho o habito de saber apenas com um olhar aquilo que as pessoas mais desejam.

- E o que e que eu desejo?

- O que as pessoas de espírito indomável que vivem vidas demasiado contemporâneas, demasiado preocupadas com aquilo que os outros pensam, que se vêem obrigadas a viver sobre os preceitos da sociedade querem... Amor infinito, um toque familiar todos os dias para o resto da tua vida, liberdade e tudo o mais que dai vier... 

E com esta me calei..

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